Foi-me feito o convite de participar neste fórum de discussão, em que o mesmo seria um espaço de reflexão sobre os vários problemas com os quais nos confrontamos diariamente. Foi igualmente feita a referência a possíveis soluções. Noutro tom: dar uma espécie de solução.
Vivendo eu no mundo do associativismo académico, ao qual muito devo a minha formação, exponho a minha simples teoria de “pragmatismo funcional”, algo chato para muitos, pois envolve capacidades cada vez mais raras como responsabilidade, bom senso, trabalho…, decerto recursos escassos nos tempos que decorrem, tão marcados por intenções “queimadas”, justificadas com o justificativo esclarecimento ainda (obviamente) não dado…!
Pela obrigatoriedade de eu próprio seguir esta “filosofia”, sou conhecido como uma pessoa competente, trabalhadora e acima de tudo (perdoem a vulgaridade) um chato do caraças! Fere-se a quem de repente é confrontado com a realidade de “se queres algo feito, tens que trabalhar para isso”! Algo a que mais uma vez refiro é custoso a muita gente! Já Adam Smith o afirmava que «trabalho é esforço e suor».
Pode parecer uma análise violenta e é certo que todos nós podemos identificar um cem números de casos em que vemos uma pessoa com três cargos distintos, com namorada, vai ao ginásio, pertence ao clube das setas, tem um part time ao fim-de-semana, olheiras de carvão e um semi-ataque cardíaco aos 30!
Manifestamente um exagero, quando se pretende um equilíbrio, igualmente difícil de se atingir. Mas para tal, é igualmente necessário um esforço para se sair da inércia e do plano do «eu faço depois ou deixo para o outro que fará por mim…!»
Ao concreto, um exemplo caricato que um dia testemunhei, foi constatar uma declaração/reivindicação para que as senhoras da limpeza da Associação Académica fossem limpar a sala, de enormes dimensões 3x3m. Para tal, foi criado um documento formal, enviado por correspondência, entregue na secretaria, remetido ao administrador, para seguir ao presidente! Ao qual a resposta foi remetida ao administrador, que enviou à secretaria, esta respondeu ao remetente! Com a resposta: “ o assunto foi recebido e serão tomadas as devidas providências”!
Conclusão: nada feito! Solução “pragmática funcional”: ir falar directamente com as senhoras da limpeza! Ou… solução à Igor: comprar a vassoura + pá+ sacos do lixo + um panito, e proceder às correspondentes limpezas, que demoram 4 minutos e 32 segundos!
Os mais burocráticos irão defender que as responsabilidades são deste e daquele, que não se deve assim nem assado… E, entretanto, o lixo acumula, as paredes estão sujas, as casas de banho estão partidas…etc.
A aplicação de uma atitude prática pode significar o sucesso de uma empresa, de uma associação e mesmo de uma família. Sou da opinião de que o exemplo deve vir sempre de nós, por isso não considero vergonha apanhar o lixo à beira da minha casa, de colocar novamente um cartaz que caiu no chão, de lavar a louça dos meus colegas e de responder às mensagens em tempo útil. Uma organização mínima, entre tantos outros exemplos.
Infelizmente, vejo-me a elogiar quem assim o pratica, e elogio pouco, e não porque não goste de elogiar. Desafio-vos da próxima vez em que determinada situação for aplicável este “funcionalismo prático” a assim o procederem e dêem o vosso testemunho nos comentários.
Todo este texto parece um pouco descabido, e descentrado das últimas intervenções neste espaço, mas fazendo um esforço abstracto imaginem como seria o mundo à nossa volta com a prática desta “filosofia”.
Igor Pereira