sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Deterioração da Escola - Uma análise da atmosfera educativa actual

Aproveito este momento de reflexão para felicitar o impulsionador deste blogue, por mais uma vez demonstrar a sua incurável motivação para a mudança.

Relativamente a esta minha primeira intervenção, irei focar-me numa realidade com a qual tenho contactado directa e indirectamente nos últimos cinco anos. Refiro-me à Educação, mais especificamente ao seu estado actual.

O cenário do sistema educativo português é verdadeiramente dramático. Arrisco concluir que o funcionamento deficiente da Educação em Portugal é uma das principais causas estruturais do atraso do nosso país. A decadência que enforma o estado geral da nossa Educação está a transformar-se em irremediáveis consequências sociais. Perante este facto, parece-me impossível que este problema continue a ser levianamente menosprezado pelos organismos do poder português.

O que se tem feito realmente para colmatar as históricas lacunas consequentes das teorias pedagógicas facilitistas adoptadas pelo poder? Arrisco mais uma vez a concluir que nada se tem feito! Bem pelo contrário! A Escola pública portuguesa é actualmente um desenho claro de insucesso, irresponsabilidade, indisciplina e perversidade.

Mais ridículo é sabermos que os relatórios da OCDE nos colocam como recordistas em matéria de iliteracia, abandono e insucesso escolar, e sabermos ainda que o nosso problema está na qualidade do investimento que é feito na Educação em Portugal e não tanto na quantidade desse investimento. Na realidade, gastamos mais em Educação do que grande parte dos nossos parceiros europeus.

Então, não sendo por falta de investimento que nos confrontamos com os mais baixos níveis de desempenho nos rankings internacionais, quais são as verdadeiras razões para este mísero panorama?

É fácil concluir que se investimos mais em Educação do que as grandes potências económicas europeias, estamos evidentemente a investir mal. E porquê? Bem, a minha embrionária experiência tem-me mostrado que nos temos baseado num modelo de gestão escolar absolutamente leigo, desprovido de profissionalismo. A esta redundante falha acresce ainda a ineficiência clara dos poderes centrais e regionais da Educação, que subaproveitam os recursos humanos existentes e esbanjam os recursos financeiros.

É urgente uma total reforma educativa, que só é possível através de uma revisão curricular, uma reestruturação das teorias pedagógicas e uma definitiva profissionalização da gestão escolar. A partir daqui será possível aperfeiçoar o nível geral do sistema educativo português.

Finalizo com um apelo à discussão pública deste tema, que efectivamente tem várias vertentes. Neste caso, a questão que se coloca não será tanto “o que podemos fazer pelo nosso país”, pelo menos em termos práticos. É uma mudança estrutural que é indispensável. E esse é um problema técnico-político, que deveria ser devidamente considerado pelo poder central.

Saudações Académicas,


Soraia Almeida

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