Nesta breve intervenção, não pretendo fazer nenhuma análise histórico-cultural de Portugal, nem basear-me em nenhum estudo sociológico avançado, nem sequer invocar passagens da Bíblia ou da nossa Constituição, que possam fundamentar os meus pensamentos. Apenas transmitirei uma pequena opinião acerca do presente.
Tendo eu nascido em 1984, os conceitos “Deus, Pátria e Família”, têm-me sido transmitidos por diversas gerações que viveram durante o Estado Novo, como indissociáveis e bastante presentes no quotidiano da sociedade da época.
Focando-me com maior pormenor na “Família”, considero que todos os estratos sociais e grupos ideológicos da época lhe davam uma importância primordial o que, nos dias que correm, infelizmente, tem perdido relevo.
No meu ponto de vista, para os crentes ou para os não crentes em Deus, para os leais ao antigo regime ou para os revolucionários e democratas, para os oprimidos e perseguidos ou para os detentores e controladores do poder, estiveram sempre presentes em primeiro lugar nos seus pensamentos e acções, importantes valores patrióticos e familiares. Da mesma forma que o comum cidadão português, com restrições anti-democráticas à liberdade de expressão e graves dificuldades financeiras, colocava a Família acima de tudo, também a elite fascista, independentemente da forma errada como actuava na sociedade, tinha como prioridade a Família. Nos dias que correm, a sociedade tem modificado as suas prioridades, com consequências evidentes a todos os níveis.
Mas como pode ser definida a “Família”? Considero que a “Família” pode compreender: amor e carinho, compreensão e paciência, honestidade, força e determinação para superar dificuldades, apoio incondicional, educação e formação pessoal/humana/social. São alguns exemplos de atitudes e sentimentos sempre subjectivos, intermináveis e extremamente difíceis de exprimir por palavras, por vezes esquecidos, mas que deveriam estar sempre presentes na nossa vida.
São estes princípios e valores, transmitidos de geração em geração que nos fazem adquirir uma determinada personalidade, crescer e amadurecer como seres humanos, que nos fazem ir em busca do conhecimento, ter ambição profissional, ser competentes e, ao mesmo tempo, voltar permanentemente ao início, à origem, à Família.
Será que a ausência/deturpação dos sentimentos humanos mais elementares e ao mesmo tempo vitais para a nossa formação estarão na origem dos problemas mais graves da nossa sociedade? Será que assuntos tão diversos e diferentes como a deterioração do comportamento dos jovens adolescentes, o aumento do número de divórcios, a gestão danosa das contas públicas, as enormes carências sociais ou o crescente índice de criminalidade, apesar de extremamente complexos, não terão uma origem tão essencial e tão comum?
Uns 10 anos à frente do seu tempo!
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