terça-feira, 12 de abril de 2011

Breve nota sobre a Crise, o FMI e o FEEF

Ao contrário do que por aí se lê (em jornais, comentadores, bloggers, etc.), Portugal não tem uma crise da dívida. Os valores da dívida pública são claramente inferiores quer aos da Grécia quer aos da Irlanda à data do seu resgate e, mais ainda, são muitíssimo inferiores sos da dívida pública de países como os EUA...

É certo que a nossa dívida pública aumentou nos últimos anos. Mas não tanto que justifique o que se tem passado nas últimas semanas.

O problema do País é, na verdade, uma crise de financiamento: ou seja, Portugal não consegue encontrar financiamento para fazer face a uma dívida que, não sendo monstruosa, é significativa. A jusante do problema, está a falta de liquidez, a ameaça da ruptura da capacidade de pagamentos do Estado e, por arrasto, a intervenção externa, com o recurso a fundos internacionais. Mas a montante, estão as agências de rating, que desvalorizaram a classificação da nossa dívida e provocaram um dano irreparável na nossa capacidade de financiamento, Como consequência, os investidores refrearam-se de comprar a nossa dívida e o Estado ficou sem liquidez, passando a negociar a dívida com juros altíssimos...

A crise financeira de 2008 aconteceu porque os líderes mundiais aceitaram que os bancos de investimento governassem o nosso mundo. Pouquíssimo tempo depois, os líderes europeus deixaram as agências de rating tomar conta do sistema financeiro europeu. Apertaram o cerco à Grécia; depois à Irlanda; chegou a nossa vez. O problema é que nunca estão satisfeitos, pois ganham milhões no processo. Sempre que um País sai da desgraça iminente, começam a desvalorizar o rating de outro. A seguir, poderá vir a Espanha, oxalá que não. Se vier, a UE terá de cair em si e perceber o seu erro.

A UE tem dinheiro, poderia ter facilmente estancado a crise, financiando qualquer um dos países afectados com juros relativamente baixos (e ainda ganhar dinheiro com o processo). Agora, é necessário intervir a sério, será necessário re-estruturar as dívidas externas destes países e, no processo, perder-se-á muito dinheiro. Ficam a perder o Euro, a UE, os cidadãos europeus. E são os nossos líderes quem fica mal na fotografia...

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