É certo que a nossa dívida pública aumentou nos últimos anos. Mas não tanto que justifique o que se tem passado nas últimas semanas.
O problema do País é, na verdade, uma crise de financiamento: ou seja, Portugal não consegue encontrar financiamento para fazer face a uma dívida que, não sendo monstruosa, é significativa. A jusante do problema, está a falta de liquidez, a ameaça da ruptura da capacidade de pagamentos do Estado e, por arrasto, a intervenção externa, com o recurso a fundos internacionais. Mas a montante, estão as agências de rating, que desvalorizaram a classificação da nossa dívida e provocaram um dano irreparável na nossa capacidade de financiamento, Como consequência, os investidores refrearam-se de comprar a nossa dívida e o Estado ficou sem liquidez, passando a negociar a dívida com juros altíssimos...
A crise financeira de 2008 aconteceu porque os líderes mundiais aceitaram que os bancos de investimento governassem o nosso mundo. Pouquíssimo tempo depois, os líderes europeus deixaram as agências de rating tomar conta do sistema financeiro europeu. Apertaram o cerco à Grécia; depois à Irlanda; chegou a nossa vez. O problema é que nunca estão satisfeitos, pois ganham milhões no processo. Sempre que um País sai da desgraça iminente, começam a desvalorizar o rating de outro. A seguir, poderá vir a Espanha, oxalá que não. Se vier, a UE terá de cair em si e perceber o seu erro.
A UE tem dinheiro, poderia ter facilmente estancado a crise, financiando qualquer um dos países afectados com juros relativamente baixos (e ainda ganhar dinheiro com o processo). Agora, é necessário intervir a sério, será necessário re-estruturar as dívidas externas destes países e, no processo, perder-se-á muito dinheiro. Ficam a perder o Euro, a UE, os cidadãos europeus. E são os nossos líderes quem fica mal na fotografia...
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