quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Confiem na Academia. Porque ela Despertará!

Quem passa por uma rede social como é o facebook, dá - a partir de hoje - de caras com uma campanha eleitoral para a Associação Académica de Coimbra que tem tudo para ser inserida nos anais da história da Academia-fantoche em que deixámos que nos transformassem.

Foi a minha primeira impressão hoje: Mas que fantochada é esta?!

É a partir de hoje que, à falta da apresentação de novos discursos e novas metas, se opta pelo ataque cerrado, carregadinho de demagogia, a qualquer iniciativa que o oponente realiza ou realizará. Neste caso - e ainda bem - vejo concentradas estas atitudes que me deprimem, nos elementos ou simpatizantes da lista "Liga-te à Academia", candidata aos corpos gerentes da AAC.

É difícil não responder, mas serve este texto para apelar à calma de todos os apoiantes da lista "Desperta a Academia".
A verdade é que entrar nesse jogo custa e custa muito. Porque são tomados como iguais a eles e, estou plenamente convicto, não o são!
Com o vosso trabalho demonstrarão que é verdade, que este é o ano de grandes decisões cá em Coimbra, que muito poderá mudar... E é em vocês que reitero a minha confiança para levar a cabo essa mudança!

Vi e ouvi grande parte dos projectos que querem ver implementados na AAC com uma enorme alegria. Se querem que esta alegria se contagie a todos, não deitem tudo a perder, mostrando uma imagem que não é a vossa.  

O direito de resposta tê-lo-ão nas urnas. Confiem na Academia. Porque ela Despertará!


Um Abraço,

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DESPERTAR a Academia!

              De todas as pessoas com quem me tenho cruzado na minha passagem por Coimbra, surge um pensamento quase unânime: há uma inércia crescente, que afecta não só a massa estudantil como os nossos representantes. E isso tem implicações profundas na forma como vemos e vivemos estes anos nesta bela Cidade e como nos comportaremos no futuro, como lidaremos com as dificuldades, como aprendemos a ultrapassá-las...
            Com todos os meus amigos já tive a discussão: “Mas, afinal, o que nos poderia dar uma Academia de Coimbra que aproveitasse todas as suas capacidades? Qual seria a diferença para aquilo que vivemos hoje?”. Passadas umas boas horas de conversa, depois de imaginadas todas as alterações que faríamos, muitos são aqueles que se deixam derrotar pelo fatalismo de que há poderes imbatíveis mas que, se assim não fosse, haveria realmente espaço para mudar muita coisa.
            Um facto: de ano para ano, sinto a AAC mais distante de todos nós, sem capacidade nem vontade de inverter a situação, bem pelo contrário… Outro facto: este foi o pior ano de todos, desde que em 2006 me matriculei pela 1ª vez na Universidade de Coimbra.
Entristece-me a forma como (não) se pensa a Academia. E penso que seja sintomático do que se passa no país. Mas o que me assusta mesmo, com base na experiência que até aqui vivi, é que o cenário poderá ser idêntico ou pior no futuro.
            É que esta Direcção-Geral consegue bater sucessivos recordes de improdutividade, tendo uma gestão de imagem verdadeiramente caótica e ruinosa para a AAC, que a todos deveria fazer pensar: É isto que queremos? É isto que merecemos?
Não tendo o colega (leitor) vontade ou oportunidade para participar mais activamente, é esta a Academia em que quis estudar? Foi esta Coimbra que sonhou?
Porque veio para cá?
           
Todos os anos, os candidatos à Direcção-Geral da AAC têm três opções:
1 - podem optar por apresentar-nos as mesmas caras, com as mesmas ideias;
2 - mudam as caras, mas não os paradigmas;
3 - surpreendem-nos e apresentam-nos uma mudança verdadeira, não só de caras, mas também de ideias, de projectos e de objectivos para o futuro.
A Academia, a Universidade e a Cidade já o merecem há décadas! 
Infelizmente, a tendência tem sido a escolha sucessiva da primeira opção, com salpicos da segunda…
          “Os ‘maus’ têm que dar lugar aos ‘melhores’” é uma frase que entrou na moda. Mesmo para aqueles que já por lá andaram, referem-se sistematicamente a si próprios como fazendo parte de projectos novos, que não são de continuidade, mas também não são de ruptura.
Temos que nos libertar das amarras da pequenez de espírito, que nos envolvem há demasiado tempo, porque a verdade é que podemos fazer muito e não estamos a fazê-lo! Andamos há demasiado tempo a deixar-nos levar por este ciclo sem fim de parca visão de futuro colectivo.
           
            Espero mesmo que a mudança aconteça, que consigamos enveredar por uma outra estratégia organizacional e que este não seja mais um ano em que a decepção me venha bater à porta e se mantenha tudo igual…



            É por isto que me recuso a “estar a dormir” neste momento. É por isto e por muito mais que apoio o projecto “Desperta a Academia”, sem o qual sairia de Coimbra sem sequer ter verdadeiramente tentado mudar seja o que for a um nível superior… E tudo isto sem estar em causa um qualquer cargo. Ajudarei este projecto, na medida em que me for possível, embora não venha a pertencer à Direcção-Geral caso o mesmo seja eleito.
            Termino cumprimentando todos os que também ajudam o “Desperta a Academia” apenas por carolice e que acreditam que, neste momento, é o único projecto credível que possa mudar o futuro dos futuros doutores de Coimbra!
           
            Saudações Académicas!

domingo, 30 de outubro de 2011

Quem paga a conta da luz?!

Uso e abuso da luz!


            Verifique o leitor, na sua cidade de residência, o desperdício energético que tem lugar nos espaços públicos. E imagine o dinheiro que se gasta. Recorde-se que esse dinheiro também é seu. E lembre-se dos enormes sacrifícios a que nos obrigam actualmente para pagar as megalomanias e roubos de um passado recente… Como se sente?

Aqui ficam algumas fotografias que ilustram o que acontece na Cidade da Figueira da Foz.
Como podemos observar, o gasto de luz é imenso. Existem, na praia da Claridade, 3 campos de futebol, 2 campos de basket, 1 campo de ténis e 1 parque radical iluminados durante toda a noite com potentes focos de luz sem servirem efectivamente para coisa alguma, como de resto podemos confirmar pelas fotografias que apresento, tiradas num Domingo, cerca das 22h00.
Estes espaços estão sem vivalma, noites a fio…

Foto1: Um dos campos de futebol da praia da Claridade

Foto2: Um dos campos de basket da praia da Claridade

Foto3: Parque radical de Buarcos (praia)


            Ainda podemos “visitar” uma das escolas intervencionadas pela Parque Escolar, a Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, e deparar-nos com a mesma abundância de luz. Em volta de todo o recinto existem luzes e focos, no chão e na fachada do edifício, que não servem absolutamente para nada.

Foto4: Exterior da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho

Foto5: Entrada da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho


            Será muito difícil sabermos ao certo quanto é que as nossas cidades gastam com todos estes exageros. Mas a poupança energética é um assunto muito sério. Para além da previsível exorbitância de dinheiro que se gasta sem utilidade, o uso e abuso da luz é um dos motes para o aumento da poluição ambiental. E o nosso país, sendo um grande incumpridor do Protocolo de Quioto, deveria ter finalmente outro tipo de políticas a este nível.

Dá que pensar…

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O nosso mercado paralelo: como roubar um Estado

Este texto tem dupla autoria: Sérgio Seco Nabais e Hugo Ribeiro. Foi feito no início de Setembro, perspectivando-se que seja publicado na próxima edição do Jornal Universitário de Coimbra "A Cabra".
Infelizmente, não nos foi possível encontrar um gráfico que melhor traduzisse a estimativa de crescimento do nosso mercado paralelo ao longo dos anos.
Certo é que o nosso PIB (Produto Interno Bruto) se situará perto dos 160 mil milhões de euros e tem sido difundido pelos meios de comunicação social, todos os anos (sobretudo na última década), um aumento exponencial da fuga ao fisco, estimando-se que o nosso mercado paralelo valha hoje qualquer coisa como 40 mil milhões de euros.
Perspectiva-se ainda um grande agravamento da situação nos próximos anos, devido ao plano de resgate financeiro a que estamos sujeitos e que implica medidas asfixiantes para a nossa Economia...

Eduardo Catroga, a 5 de Maio de 2011 (um mês antes das eleições), numa entrevista à TSF, prometia que o PSD liderado por Pedro Passos Coelho iria derrubar o "Estado gordo" e "atacar ferozmente todo o mercado paralelo"

          
                    A todos nós se exigem sacrifícios em nome da solidariedade nacional para com o pagamento do desastre em que nos encontramos.

            Mas todos temos também o direito de exigir mudanças profundas, começando pela miscelânea de tiques da nossa classe política e pelos vícios de um sistema democrático caquéctico.

            O nosso mercado paralelo é um roubo diário, económico e ético. É de uma injustiça atroz para todos nós mas, infelizmente, todos nós contribuímos para ele. Estima-se que represente cerca de 40 mil milhões de euros anuais (e, nos últimos anos, tem vindo a aumentar exponencialmente), sendo os ramos da restauração e o do mercado arrendatário os que contribuem mais para esta fuga ao fisco. 

        Alguns economistas têm mesmo afirmado publicamente que bastava ao Estado conseguir cobrar impostos a metade deste volume de negócios para que o país deixasse de pensar em défice e começasse a falar em crescimento e, quiçá, em superávit.

            Mas, afinal, porque é que estamos todos em “conluio” com esta situação? É simples. Pensemos num qualquer dia desta semana e nos gastos que tivemos nesse dia. A seguir, reflictamos: quantas vezes pedimos factura?

            De uma amostra pequena (duas pessoas: os dois autores deste texto), tirámos esta conclusão: pedimos factura (quando pedimos) apenas nas despesas que poderão ser introduzidas na declaração anual de IRS (fundamentalmente: saúde e educação). Mas, então, por que é que não o fazemos em todas as outras despesas?

            É que, se não o fizermos, estamos a compactuar com esta fraude. Façamos esse esforço! E, cada um de nós poderá facilmente fazer as contas: quantos impostos poderemos assim possibilitar que sejam arrecadados, tal como devem sê-lo? Comecemos pelas fotocópias que tiramos num qualquer centro de cópias, pelas rendas mensais que pagamos aos nossos senhorios, passemos pelos almoços e jantares em restaurantes, pelo supermercado, ou por um simples café…

            É importante termos todos conhecimento que a não emissão de factura permite, por um lado, a dispensa do pagamento de IVA, enganando o Estado e, por outro lado, a “maquilhagem” da respectiva contabilidade, defraudando gravemente o fisco, no que diz respeito ao real valor dos rendimentos obtidos e tributáveis.

            Exigirmos mudanças de comportamentos “lá em cima” não nos exime de uma justa auto-crítica.

          Mas podemos fazer mais! Podemos (e devemos) exigir que a facturação seja obrigatória para qualquer serviço prestado, ou seja, podemos exigir uma mudança na lei e penalizações para quem não a cumpra deste modo. Afinal de contas, eu pago os meus impostos, tu pagas os teus… Por que raio permitimos que alguns não paguem os deles?

            Mas, por enquanto, não nos esqueçamos: uma factura, para ser factura, tem que ser um papel em que seja nítida a inscrição “Venda a dinheiro”.

Sérgio Seco Nabais e Hugo Ribeiro

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Temos alternativa!

Finalmente temos alternativa!

Hoje foi um dia muito importante, muito significativo para todos aqueles que por aqui passaram e sonharam…sonharam com uma ideia de reforma e de refundação da Academia de Coimbra e de todo o sistema associativo local e nacional. Muitos dos quais ainda por cá andam…

E é sobretudo a esses a quem me dirijo hoje, muitos dias depois de tornar pública uma posição/opinião sobre a actualidade da nossa Universidade e da nossa Associação Académica de Coimbra. Volto a fazê-lo. Porque têm agora a hipótese real de mudança!

O que farão?


Para muitos (incluindo eu próprio) a vida já não nos permite, como outrora permitiu, uma intervenção activa nos destinos da Academia. A viagem por Coimbra termina e começa a aventura que para sempre transformará em saudade os momentos aqui vividos e que nunca mais serão esquecidos.

Hoje foi com grande agrado que vi o meu colega e amigo André Costa, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, assumir publicamente a liderança de um projecto firme, seguro, de mudança profunda de modelo e de estratégia, que transforme a Associação Académica de Coimbra numa instituição inteligentemente crítica a todos os níveis, catalisando os colegas das mais variadas áreas do conhecimento para esta intervenção cívica.

O papel aglutinador da AAC na Academia só terá um impacto real na nossa sociedade se aquela for capaz de chamar à participação específica os seus associados, criando para o efeito todas as condições de acesso e de trabalho. E para isto é necessário um sistema totalmente novo, funcional, atractivo, que promova uma rede de partilha de conhecimentos, de ideias, de projectos desenvolvidos pelos próprios sócios, e executados pela Direcção-Geral da AAC!

É indispensável combater a lógica instalada de protagonismo individual asfixiante e criar uma verdadeira teia social.

Acredito piamente que este caminho traçado pelo André e por tantos meus amigos que o acompanham é o caminho certo.

Acredito em vós porque conheço a fibra de que é feita muita da massa crítica que se juntou. Ficam os meus desejos e votos de sucesso! Fica a minha promessa de ajuda para tudo o que for necessário e em que poderei contribuir, com todas as minhas limitações pessoais. Fica também, não menos importante, o apelo para que sigam a rota traçada e que não caiam na tentação de ceder aos vícios e a toda a podridão que tem envolvido a participação política portuguesa em geral.

Fica o sonho, mais perto de ser realizado, de ver aproveitada toda a potencialidade da AAC.

Fica a esperança de, finalmente, ver uma Academia a funcionar em todo o seu explendor, servindo como trampolim para o sucesso profissional de todos os colegas e não se deixando usar como alavanca político-partidária por parte dos seus dirigentes.


Um grande Abraço. Sai um F.R.A.!

Acordai a Academia!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Obama anuncia a morte de Bin Laden

Barack Obama anunciou esta noite a morte de Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda e responsável por inúmeros actos de violência e atrocidade contra inocentes. Desde o primeiro minuto, o povo americano saiu à rua, alegrando-se com a notícia.

É perfeitamente compreensível. Afinal, Bin Laden é o símbolo máximo da grande ameaça que tem pairado sobre os EUA ao longo dos últimos anos.

O primeiro ponto para o qual quero chamar a atenção, no entanto, é que, ao contrário do que anunciou o Presidente Obama, não foi feita justiça. Não há justiça no assassínio de um homem, por monstruosos e incomensuráveis que os seus crimes possam ser. Tirar a vida ao próximo, por muito natural e humano que seja esse instinto em face da ameaça, não é uma resposta, não é um caminho que, em liberdade e consciência, possa ser escolhido.

O segundo ponto tem a ver com a questão da ameaça. O perigo não desaparece hoje do horizonte dos EUA. Osama bin Laden deixou hoje de ser uma ameaça, mas outros se levantarão e tomarão o lugar dele. Porque ontem Bin Laden já não era tanto a ameaça como o símbolo dessa ameaça: os EUA continuarão a ter inimigos exteriores, que lutarão para privar o povo americano da sua liberdade, que continuarão a odiar o País e, por inerência, os seus cidadãos.

Mas continuarão, sobretudo, a ter inimigos internos: todos aqueles que, tendo cidadania norte-americana se opõem a um caminho de maior liberdade e fraternidade, que exploram a maioria do seu povo, que fazem uso indevido dos recursos, que pelas suas acções e omissões constroem uma sociedade menos livre. O perigo reside tanto do lado de cá do Atlântico como nas cidades e vilas da América.

Termino com um desejo, uma esperança: possam os EUA fazer deste dia simbólico o pontapé de saída para a mudança real e efectiva na maneira como conduzem a sua política externa, promovendo de facto a liberdade dos povos e a paz entre as nações. Mas não se pode querer salvar o mundo, se não se tem a legitimidade e a capacidade de se salvar a si próprio. A mudança tem de começar a partir de dentro.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Adeus, António

Adeus, António.

“Os discursos são escusados, quando o amor à Academia é tão profundo. Fiz o que pude. Esse sempre foi o meu limite.”

“Os que por aqui passaram” não te esquecem. 

Obrigado, António. E até um dia.


(A António Lúzio Vaz, mestre e amigo. O homem bom que nos deixou… 1941-2011)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sociedade anti-educação

Ultimamente fala-se muito de educação. No nosso país, onde a idade mínima de educação obrigatória têm sido cada vez mais alta, vemos a grande quantidade de jovens com ensino superior desempregados. Mas o que se passa afinal? Será o que o mercado ficou saturado de tantos alunos com elevadas qualificações? É provável, mas na minha opinião não é esse o problema. Acredito que o sistema de educação não está a servir o paradigma social actual.
Há quem diga que o ensino é cada vez menos rigoroso, que há demasiadas distracções, que os conteúdos não são os mais correctos, ou que não há respeito pelos professores. Eu posso concordar com este factores, principalmente com o último, mas o que mais me preocupa, é o real desaproveitamento das capacidades dos alunos. Se um aluno é excelente a matemática, e se sente motivado com a matemática, deve aprender mais matemática e ser bom nessa área. E depois de estar motivado nesta, vai querer aprender as outras coisas. O que o ensino actual faz é obrigar os alunos a saber uma série de conceitos, que muitas vezes não são aprendidos, mas decorados. Colocados numa memória temporária, para se poder passar naquele teste ou exame. E quando se aplica uma situação na vida real, ou quando surge uma situação diferente, eles não sabem como reagir porque não foram preparados para situações incomuns, não foram preparados para situações que necessitem de soluções criativas.

Nesta conferência que vão perceber melhor o que estou a dizer.
http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html

Aqui surge o conceito da arte e criatividade que penso ser tão importante que o português ou a matemática. Hoje em dia temos um ensino muito semelhante, cujo objectivo é afunilar num conjunto de conhecimentos. Mas na nossa vida necessitamos de saber um grande e variado leque de conhecimentos, e mais importante que os saber, é onde os encontrar no momento em que se necessita deles.

O ensino de há 20 anos atrás reflecte-se hoje na sociedade. Estamos numa altura de crise e encontra-se muita gente desempregada. E quais são as soluções dos recém-graduados de hoje? Onde está a criatividade, a pro-actividade e atitude para lidar com a sociedade actual? Todos aprendemos a ser (e somos bons) treinadores de bancada, mas quando é necessário tomar iniciativas sociais, identificar problemas e criar as soluções, ou mesmo desenvolver projectos no seio da família ou da comunidade… Ficamos quietos, pois isso nunca aprendemos a fazer. Não aprendemos a criar, a correr riscos, apenas aprendemos que não podemos errar.
Num pequeno à parte, nos Estados Unidos, temos casos de pessoas que depois da falir 3 empresas, foram ao banco pedir dinheiro para uma nova empresa e esse financiamento foi mais fácil. Se isto parece um paradoxo, também me parece que depois de falir 3 empresas, deverá ter aprendido a não cometer os mesmos erros, e a probabilidade de vir a falir novamente será mais reduzida.

Concluindo em relação à nossa educação, gostava de referir o novo modelo de ensino democrático como o da escola da ponte. (Podem ver mais aqui http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Y9zHemGrquU e aqui). As crianças são curiosas por natureza e têm desejo de aprender, mas perdem todo o interesse, quando a sua curiosidade é sufocada pelos programas impostos pela burocracia governamental. A escola da ponte é diferente, abarca os 1º, 2 e 3º Ciclos do ensino básico, mas em tudo é especial: não têm turmas, não têm alunos separados por classes, os professores não dão aulas com giz e quadro, não têm campainha que separe o tempo, não têm teste nem notas. Esta escola permite um ensino personalizado, baseado em pilares de democracia e de cidadania. Aqui os Professores não têm um programa a seguir mas têm o papel de "seduzir" para as matérias que os alunos nunca experimentaram. Os alunos é que planeiam o seu estudo, debatem o que acham bem e mal. Têm direitos afixados nas paredes entre os quais transcrevo um: "Toda criança tem o direito de não ler o livro de que não gosta.". Inclusivamente nesta escola são eles que criam as suas próprias leis. Uma dessas leis é a seguinte: "Temos o direito de ouvir música enquanto trabalhamos, para pensar em silêncio.".

Espero que esteja aqui a solução para a nossa sociedade… Daqui a 20 anos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Breve nota sobre a Crise, o FMI e o FEEF

Ao contrário do que por aí se lê (em jornais, comentadores, bloggers, etc.), Portugal não tem uma crise da dívida. Os valores da dívida pública são claramente inferiores quer aos da Grécia quer aos da Irlanda à data do seu resgate e, mais ainda, são muitíssimo inferiores sos da dívida pública de países como os EUA...

É certo que a nossa dívida pública aumentou nos últimos anos. Mas não tanto que justifique o que se tem passado nas últimas semanas.

O problema do País é, na verdade, uma crise de financiamento: ou seja, Portugal não consegue encontrar financiamento para fazer face a uma dívida que, não sendo monstruosa, é significativa. A jusante do problema, está a falta de liquidez, a ameaça da ruptura da capacidade de pagamentos do Estado e, por arrasto, a intervenção externa, com o recurso a fundos internacionais. Mas a montante, estão as agências de rating, que desvalorizaram a classificação da nossa dívida e provocaram um dano irreparável na nossa capacidade de financiamento, Como consequência, os investidores refrearam-se de comprar a nossa dívida e o Estado ficou sem liquidez, passando a negociar a dívida com juros altíssimos...

A crise financeira de 2008 aconteceu porque os líderes mundiais aceitaram que os bancos de investimento governassem o nosso mundo. Pouquíssimo tempo depois, os líderes europeus deixaram as agências de rating tomar conta do sistema financeiro europeu. Apertaram o cerco à Grécia; depois à Irlanda; chegou a nossa vez. O problema é que nunca estão satisfeitos, pois ganham milhões no processo. Sempre que um País sai da desgraça iminente, começam a desvalorizar o rating de outro. A seguir, poderá vir a Espanha, oxalá que não. Se vier, a UE terá de cair em si e perceber o seu erro.

A UE tem dinheiro, poderia ter facilmente estancado a crise, financiando qualquer um dos países afectados com juros relativamente baixos (e ainda ganhar dinheiro com o processo). Agora, é necessário intervir a sério, será necessário re-estruturar as dívidas externas destes países e, no processo, perder-se-á muito dinheiro. Ficam a perder o Euro, a UE, os cidadãos europeus. E são os nossos líderes quem fica mal na fotografia...

Uma aposta de futuro

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Temporariamente remetido à minha condição de emigrante, não posso deixar de me sentir (ainda mais) impotente face à difícil situação que enfrenta o nosso País. Não só me é particularmente difícil contribuir de forma mais indirecta (através de acções concretas, participando em discussões, usando eventuais economias em prol do bem público, participando em movimentos cívicos e/ou partidários, promovendo a Justiça no meu dia-a-dia, etc.), como, de forma muito mais “pragmática”, vejo muito complicada a minha participação no acto eleitoral do próximo dia 5 de Junho.


Dando como premissa que me é impossível deslocar a Portugal nesse dia, não quero porém deixar de exercer o meu direito e dever cívico. A alternativa mais viável parece passar, para já, pela inscrição no consulado mais próximo. Mas não só isso se constitui como um processo talvez demasiado burocrático (sobretudo se tivermos em conta que no período expectável da minha permanência no estrangeiro só deverá ocorrer um acto eleitoral), como se constitui numa desvalorização efectiva do meu voto.


Vejamos: nas últimas eleições legislativas, o meu círculo eleitoral elegeu deputados correspondentes a 4 forças partidárias. Em contraponto, em toda a história da III República, apenas na primeira eleição para a Assembleia da República foi eleito um candidato no estrangeiro que não concorresse pelas listas do PS ou PSD — quando António Simões Costa foi eleito pelo CDS no Círculo de Fora da Europa, em Abril de 1976! A acrescer a isto, há o facto de os candidatos serem residentes... fora do território nacional, como se espera. Pelo que a proximidade entre eleitor e eleito não passa de um mito; isto claro, para além de serem para mim ilustres desconhecidos, na maior parte dos casos.


Ora, isto reflecte uma preocupante limitação na qualidade da nossa democracia – tema que dá pano para mangas e ao qual hei-de voltar repetidas vezes, espero – mas reflecte mais ainda o modo como Portugal trata as suas comunidades de emigrantes e imigrantes.


Com efeito, esta minha experiência fora de portas tem-me mostrado diversos pontos: que o melhor meio de promover o País não é percorrendo o Médio Oriente com uma mala de títulos da dívida pública, mas através de uma aposta no valor das nossas comunidades na Diáspora; que estas comunidades são esteios incontornáveis na promoção da nossa cultura e da nossa Língua, muito mais do que qualquer Acordo Ortográfico amanhado “às três pancadas” e que não está ratificado por colossos da lusofonia como Angola e Moçambique; que os emigrantes portugueses no estrangeiro (em particular na Europa) são ou deveriam ser uma arma fundamental no combate às ideias feitas sobre a incomensurável preguiça e desonestidade do povo Português...


Assim, vivendo lado-a-lado com estrangeiros de múltiplas nacionalidades, não posso deixar de considerar que o potencial das comunidades portuguesas no estrangeiro está claramente sub-aproveitado. Não só no modo como o Estado (não) aposta nelas para obter benefícios para todos os seus cidadãos, como na maneira como se demite da sua responsabilidade na oferta de serviços públicos que assegurem uma efectiva adesão à cidadania.


Urge estabelecer uma rede consular com serviços online desburocratizados, fáceis, acessíveis e disponíveis à distância; aumentar os benefícios daqueles que enviam maiores remessas de dinheiro para a Pátria; apostar no reforço da imagem de Portugal no estrangeiro recorrendo ao que de melhor que temos para exibir e, em particular, as nossas comunidades dispersas pelo mundo.


E, claro, porque queremos que Portugal seja um exemplo; porque queremos que o nosso País seja coerente nas palavras e nas acções; porque não tiramos com a mão esquerda o que damos com a direita, há que fazer em casa, com os imigrantes, o que queremos que façam com os nossos, lá fora. A aposta numa cada vez mais justa e integradora politica de imigração tem de ser uma prioridade.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Evolução da saúde global e da economia nos últimos 200 anos


Este trabalho está muito bem feito, embora o tratamento dos dados se resuma a médias e não avalie as desigualdades económicas entre as pessoas, dentro de cada país...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Queima das Fitas - onde está a solidariedade da contestação?

Chegados ao 5º ano de curso, são muitos os colegas do meu ano de entrada na Universidade que já se preparam para partir...

Para a estudantada de Medicina, ainda faltará mais um longo ano, que não culminará em Julho, mas sim em Novembro de 2012, com o (erradamente) chamado "exame de acesso à especialidade", ou Prova Nacional de Seriação para o Internado Médico.

Neste ano, em que terei o prazer e a honra de subir a um dos Carros alegóricos do Cortejo dos Grelados da Queima das Fitas ("CHUC Norris - Isto vai ser o Texas!" - nome que pretende satirizar o recém-criado CHUC - Centro Hospitalar Universitário de Coimbra), também pretendia ir ao Baile de Gala das Faculdades, acompanhar uma das pessoas mais importantes na minha vida pessoal e, certamente, uma das mais influentes na "Escola de Vida" que foi, que é e que ainda será Coimbra por mais uns tempos...

Num país doente e altamente endividado (soube hoje que o pagamento anual da dívida pública ultrapassou o orçamento do maior Ministério), e  em que se quer fazer parecer que existe uma contestação estudantil massiva, organizada e séria às políticas respeitantes ao Ensino Superior e à Acção Social Escolar, é absolutamente condenável o estabelecimento de preços altíssimos para a Queima das Fitas (que é uma organização estudantil) e, sobretudo, para algumas das suas actividades culturais mais emblemáticas, como é o caso do Baile de Gala! "75€ para jantar no Baile?? Mas esta gente está parva?!", será a normal reacção da maioria dos colegas. E foi a minha.

A Queima das Fitas, como "Pedra Suporte da PRAXE Coimbrã" não pode - nem deve! - instrumentalizar-se pelo materialismo puro e duro! Tem todas as condições para respeitar e potenciar as actividades culturais, dando voz ao ACADEMISMO, que implica valores de solidariedade, de respeito pelo próximo, de ética e de cidadania e de companheirismo!
Mas não estamos a assistir ao Academismo, mas sim ao ELITISMO (!), próprio da geração incompetente de políticos que temos, que não vêem outra forma de criar o tal "glamour" em seu redor se não aumentar a fasquia, rodeando-se apenas dos que podem... Certamente que não será saudável para a nossa democracia esta forma de estar na vida e de organizar eventos que deveriam ser de todos e que deveriam estar acessíveis a todos! Ter condições para poupar 25/30€ para um jantar de gala, sou capaz de ter (e sei que muitos não terão), mas este abuso merecia que as pessoas se organizassem e não fossem jantar ao Baile! E, se quisessem, apenas comprassem o bilhete para o convívio que se segue.

Para além de tudo isto, mais uma prova de que estamos numa sociedade que premeia o sedentarismo e a ronha, é o desinteresse por parte da Direcção-Geral da AAC por actividades de índole cultural, cívica e solidária que grupos de Estudantes levam a cabo. Louvo a atitude inovadora e altamente dinâmica do Carro "CHUC Norris" em querer desenvolver Espectáculos de Solidariedade, Ciclos de Tertúlias temáticas, recolha de roupas para instituições de solidariedade social, e outras iniciativas do género. Mas têm que ser tornadas públicas todas as dificuldades levantadas, desde a simples não-presença de um representante da DG/AAC nestas actividades, à recusa em apoiar as mesmas, por medo de poder "favorecer um Carro, em detrimento dos outros".
Em resposta, apenas posso dizer o seguinte: Nós é que vamos continuar a querer favorecer a Cultura coimbrã, a solidariedade social e a formação pessoal, mesmo indo contra todas as barreiras que forem criadas. Esperemos ter força e condições para isso! Mas, se não tivermos, como disse um amigo meu: "Tentar fazer aquilo que é da responsabilidade de outros, porque estes não o fazem, já é um grande atestado de incompetência".
 
Que esta seja uma atitude a seguir pelos próximos grelados!

sábado, 2 de abril de 2011

Motivação procura-se!

Penso que participei na grande maioria das últimas manifestações realizadas em Coimbra, para reivindicar por melhores condições para os estudantes! Em concreto pelos super atrasos à atribuição das bolsas de estudo, pelas novas regras técnicas que fizeram diminuir o valor das respectivas bolsas e, pior ainda, negar bolsas a quem necessita, para a concretização dos seus estudos. Entre outros problemas.

Acreditando eu, que a educação é a arma e o caminho mais eficaz para a resolução dos vários problemas de que padece a nossa sociedade actual, e que o ensino superior (com todos os seus defeitos e virtudes) ainda responde a essa finalidade, dotando o nosso país de pessoas qualificadas para a concretização de uma sociedade mais e melhor.

Por esta lógica, e por solidariedade para com os meus colegas e amigos atingidos por estes cortes da Acção Social, (mesmo sendo do retincente quanto à eficácia de manifestações semana após semana ...), eu saí à rua. Peguei nas faixas, gritei, discuti o assunto, informei me, divulguei etc...o normal que se podia esperar. E desiludi me! Uma desilusão muito específica! Dos 8 bolseiros que conheço directamente, e que ainda não receberam bolsa, apenas três foram contestar no passado dia 24/03. E certifiquei me de tentar perceber porque razão é que não o fizeram! Sabendo há partida que haveria um boicote às aulas. O meu espanto concretizou-se quando me percebi que grande parte dos que faltaram, apenas o fizeram porque não apetecia! Conformismo e pouco mais! Em parte fiquei desiludido e chateado, por eu que não sou bolseiro, luto nas acções de manifestações e 8 colegas meus bolseiros não o fazem, pela suposta razão de que não apetece!

Obviamente que a justificação não é tão simples! Penso eu que o conformismo suscitado, prende se antes demais com a falta de acreditação que estas manifestações têm demonstrado, e com o sucessivo aproveitamento político que as mesmas sofrem. Uma das razões da grande participação do Geração à Rasca de passado dia 12, foi mesmo a clara tentativa de ser uma manifestação extra partidária (o que não impediu a tentativa de "usurpação de protagonismo" ou "tempo de antena" por parte de "personalidades partidárias").
O descrédito passa também por não se acreditar mais em soluções vindas de um Estado nem de um Governo, consequentemente baixas expectativas em eleger algo ou alguém. E da falha de comunicação (ou falta dela) aos estudantes afectados, que se sentem assim como algo secundários na sociedade, por parte do poder "que manda".

Uma análise mais "académica Coimbrã", passa pelo descrédito do movimento "político" estudantil alimentado pelo conflito (desejado) das "forças políticas" antagónicas, cujos interesses não transparecem sinceridade, nas causas que apregoam defender.
As assembleias magnas, salvo raras excepções de certas intervenções, tornaram se em feiras de vaidades, púlpito de protagonismo, "mercado de peixeiras", a última então foi do pior que se têm visto, tendo do se batido um recorde de esvaziamento de sala. Não vou aqui agora discutir as possíveis soluções, sei do esforço de se tentar alterar as regras da magna, e sei da dificuldade das mesmas, pelo conflito que pode resultar da liberdade de expressão dos seus intervenientes. Apelar ao bom senso de quem sobe, também não resulta.

As direcções de faculdades ao permitirem programas lectivos excessivamente intensivos (consequência de Bolonha), ou a falta de um sistema concreto de avaliação dos docentes permitindo um sem número de professores sem a qualidade pedagógica desejada, entre outros problemas; impedindo e desencorajando o diálogo com os estudante, é igualmente factor de desmotivação entre os estudantes, que assim favorecem o seu "conformismo" com o medo (fundamentado) de represálias a eles próprios.

As possíveis soluções para combater este estado geral de desmotivação, não são fáceis de se encontrar, logo a falta de propostas.
Da minha parte apresentada, pode passar pela destituição da abstracção dos "milhares alunos" sem o apoio da Acção Social, na forma de apresentação do problema geral; pela concreta denúncia da situação do "Filipe" e da situação precária! Por outras palavras uma distinta forma de comunicação! Tal sensibilizaria mais estudantes à causa, (não vou alongar nesta concretização, e deixei só a sua linha geral, em sede de comentário posso desenvolver).

Outras das soluções é parar de esperar que seja o Estado ou Governo a resolver a situação, coisas simples como já foi criado em Coimbra como o Fundo Solidário, ou o Arraial Social, são para mim actividades meritórias que actuam directamente no problema, obviamente nunca o resolver na totalidade, mas além de ajudarem o "Filipe", são uma poderosa mensagem de atestado de incompetência ao "poder", e uma forma de resolução dos problemas em concreto por nós próprios, pois por mais que queremos acreditar que os cargos governativos estão ao dispor de todos, na prática tal não funciona, os cargos não são imediatos, e muitas vezes a sua ascensão vêm com a consequência de se ter uma grande lista de favores a cumprir. Há quem reduza este tipo de pensamento a caridade, e irresponsabilidade do Estado, é difícil discordar. Mas perante a alternativa, prefiro a minha.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma Nova Academia de Coimbra - I

 Cumprida a primeira ronda de intervenções do “Academia e Sociedade”, cumpre-me felicitar os autores e todos os participantes, pelo enriquecimento cívico que proporcionaram.

Cumpre-me então iniciar, de uma forma mais directa, a discussão sobre a Academia de Coimbra. Mais particularmente, a reestruturação/remodelação/mudança que é necessário planear e implementar.

Desejo uma Academia que honre o passado, sendo arrojada a planear o futuro! Com dinâmica, com confiança, com organização e, acima de tudo, com pujança! Que seja guiada pelos valores da COMPETÊNCIA e do MÉRITO. E que, sem tretas, nos aproxime efectivamente uns dos outros, conduzindo a nossa formação social, que tão importante será no desempenho futuro da defesa dos nossos interesses pessoais/profissionais e dos interesses do país.

Dividirei esta análise por blocos. Como verão, neste primeiro tema, irei focar-me num plano geral:

1 – Uma nova organização (seja ela qual for) necessita de um grande plano/projecto de fundo. Contudo, antes de tudo isso, precisa de uma verdadeira limpeza de fundo. Não é possível implementar um projecto de mudança, tendo como responsáveis os mesmos de sempre! É necessária uma grande renovação de “caras”!
Estas pessoas devem ter qualidades facilmente reconhecíveis, não de joguinhos e de artimanhas políticas, mas sim de ALTRUÍSMO, o que implica um profundo CONHECIMENTO da Academia e da Sociedade! E isto aplica-se a todos os níveis, quer seja na Direcção-Geral da AAC, Conselho Fiscal da AAC, Conselhos Cultural, Desportivo e Núcleos e ainda no Conselho de Veteranos, mas também nos Conselhos Pedagógicos, Assembleias de Representantes, Senado e Conselho Geral da Universidade que, salvo honrosas excepções, se transformaram num ciclo vicioso do cargo pelo cargo e/ou do cargo pela Época Especial ou pelo Estatuto de Dirigente Associativo, ou apenas (e isto é que é realmente estúpido) pela vaidade.
A grande barreira é esta: são necessárias DEZENAS de pessoas para efectivar uma mudança profunda e quebrar o preconceito de ter que existir um messias, uma grande referência para todas elas.

2 – Reorganização da ligação da Associação Académica de Coimbra aos Estudantes da Universidade de Coimbra (UC), com coordenação directa da AAC e das Direcções das Faculdades: criação de um sistema de “Teia Social”, cujo centro da acção é a Direcção-Geral, estando em 2ª instância os Núcleos e, em 3ª instância, as Comissões de Curso, que seriam os representantes mais próximos dos alunos da UC e cuja actividade se poderá desenrolar a todos os níveis, sendo os mais importantes o acompanhamento pedagógico (ligação directa entre professores e alunos e promoção da qualidade dos materiais de estudo, nomeadamente da produção de Sebentas com qualidade) e as saídas profissionais. É um modelo que está a funcionar, em parte, na Faculdade de Medicina. 
O Conselho Inter-Núcleos é infuncional e por uma única questão: são demasiadas as valências que, bem discutidas, teriam que passar por este órgão para tornar esta Academia naquilo que pode ser. Portanto, teremos que criar sub-conselhos, que reúnam os representantes pelos diferentes Pelouros com o respectivo Coordenador Geral (da DG/AAC), também com um claro objectivo de responsabilização pelos cargos ocupados. Seria assim que se criaria, por exemplo, um Programa Cultural geral de toda a Academia, inversamente à desorganização de que padece há longos anos a nossa Académica.

3 – Disponibilidade da Reitoria da Universidade de Coimbra e das Direcções das Faculdades em acompanhar esta reorganização estrutural da Academia, sobretudo na ligação aos docentes e demais estruturas da casa;

4 – Debate mensal com os representantes de todas as estruturas de Ensino Superior  e do poder local da Cidade de Coimbra e reunião mensal com os representantes das juventudes partidárias, para uma colaboração de fundo e recolha das mais diversas posições políticas;

É fundamental que sejamos um centro de análise política no país! E ainda mais importante será se formos isentos e nos estabelecermos como parte integrante e central no debate público local. Esta será a chave de sucesso de uma nova dinâmica congregadora na Cidade, muito mais abrangente e com maior impacto do que o espaço universitário. A intervenção activa na política local é fundamental! A elaboração de projectos para a Cidade de Coimbra, a todos os níveis, é absolutamente necessária e exigível para uma Academia com 142 cursos (vide “Relatório de Implementação do Processo de Bolonha na UC”) e, portanto, totalmente abrangente em todas as vertentes de acção da nossa sociedade.
As manifestações deverão ocorrer em Coimbra, sendo preparadas com tempo e utilizando uma estreita relação com as Comissões de Curso. Não são necessários milhares de Euros na divulgação destas iniciativas, mas sim proximidade na organização. Deverão ser aglutinadoras de todas as problemáticas da Cidade e do país e não só dos problemas do Ensino Superior. E deverão ser acompanhadas de propostas de alternativas políticas, contrariamente ao que se passa actualmente, em que existe um vazio de intervenção activa.

terça-feira, 15 de março de 2011

Uma Nova República?

Congratulo em avanço o leitor desta tentativa de pensamento em prosa: é preciso paciência para ler um texto escrito por mim. Quanto mais não seja porque estou constantemente a introduzir notas “poéticas” nos meus escritos com o objectivo de me convencer de que escrevo bem. Cada um com sua tara…

É neste tom informal e casual que pretendo começar a abordagem ao tema que proponho. Em primeira análise importa perguntar: o que é afinal a “Res Publica”? Muitos decerto responderão que se trata de uma forma de poder eleito ou elegível “do povo, pelo povo e para o povo”, com base nos trâmites históricos da cidadania, e na separação de poderes do Estado para não nos alongarmos muito mais na definição nem entrar em mais detalhes (todavia importantes). Errado (quanto a mim). Isso é a DEMOCRACIA: a fórmula Lincolniana positiva de poder popular, “lida” em conjunto com Rousseau e Sieyès para uma melhor perspectiva histórica da questão confirmará esta minha afirmação. E, no que toca aos princípios básicos de organização do poder político e da sociedade, com o primado do Direito, deparar-nos-emos com a definição de ESTADO DE DIREITO, a qual se vem conjugando com o princípio Democrático e da Socialidade ao longo do Século XX (para uma melhor compreensão do que afirmo sucintamente demais vide “Direito Constitucional – Teoria da Constituição” de J.J. Gomes Canotilho). Veja-se para simples referência o que nos diz o tão facilmente mobilizável instrumento que é a “Wikipédia”: “O conceito de república não é isento de ambiguidades, confundindo-se às vezes com democracia, às vezes com liberalismo, às vezes tomado simplesmente no seu sentido etimológico de "bem comum". Hoje em dia, o termo república refere-se, regra geral, a um sistema de governo cujo poder emana do povo, ao invés de outra origem, como a hereditariedade ou o direito divino. Ou seja, é a designação do regime que se opõe à monarquia.

Então em que ficamos? Será possível termos uma “República Monárquica Constitucional”? Não! É que, através da definição que nos é dada pelo magnífico orador Marco Túlio Cícero no seu “De Res Publica”, “um governo republicano é aquele que põe ênfase no interesse comum, no interesse da comunidade, em oposição aos interesses particulares e aos negócios privados”. Vemos então que a República unindo-se ao significado de Democracia e de Estado de Direito numa relação lógica, é uma forma de governo que toca o interesse da colectividade, confundindo-se com estas definições.

Então podemos, se seguirmos este raciocínio já tivemos, na História do Mundo, muitas “Repúblicas”: as Repúblicas clássicas da Grécia e de Roma; com a Revolução Francesa e Americana inauguramos a República Liberal, que, entre interregnos de Monarquia Constitucional, perdura até ao séc. XX, alterando a sua definição para República Democrática; com a Revolução Russa aparecem-nos as Repúblicas Socialistas; a crise de 1929 ataca as bases do capitalismo, fazendo surgir a República Social; segue-se o interregno de regimes ditatoriais Fascistas, Nazis, Militares e “Religiosos”, que podemos configurar como o verdadeiro oposto da República; e na segunda metade do séc. XX reaparecem as Repúblicas Sociais. Podemos até avançar que no fim do século atingimos uma nova República: a República Global. A afirmação do Direito Internacional, do mercado global, e das políticas comuns entre Estados precipita a Globalização da coisa pública e dá-lhe uma novíssima feição. Embora ainda existam regimes ditatoriais no mundo, é seguro dizer que a forma de governo do séc. XXI é a República Democrática “Globalizada”. Ora, a nossa sociedade hodierna traduz-se diariamente na hipertrofia da moralidade e da consciência, na busca do homem da sua razão egoística de ser, no “homem como lobo do homem” de Hobbes. Senão vejamos aonde os nossos regimes Democráticos estão a chegar: Povo desencantado; Partidos Políticos e Instituições descaracterizadas; Proliferação da Demagogia e da Política de Profissão; Facilitismo no Ensino e preocupação na estatística. Bem dizia Keynes que o “Capitalismo é a forma natural de afirmação e organização Humana, não há como evitá-lo”! A nossa única solução reside no Direito e na vontade do Povo.

Porquê esta minha procura de significado de “Res Publica”, perguntas tu que pacientemente vais lendo? Simples. Será uma coisa pública a Democracia que se degrada com bandos de oportunistas e interesseiros que atacam as estruturas das nossas mais belas instituições, desde o topo à base, alimentando-se diariamente da ambição humana, com que jogam como se fora um jogo de fortuna ou azar, viciado à partida? Será República aquela em que uns sobrevivem à custa de outros, numa sociedade que se diz moderna? Não, mas infelizmente é essa a nossa República: a República Egoísta. Já o Britânico Lord Byron dizia, em jeito pessimista, que “o Diabo foi o Primeiro Democrata”.

Não pretendo influenciar ninguém com esta dissertação, já que ela é claramente vincada de traços ideológicos meus: sou Socialista Democrático (para não dizer Social-Democrata, já que a corrupção de significados neste país é tão grande que é preciso ter cuidado), considerando o Estado de Direito Democrático a única forma justa e verdadeira de organização e regulação da sociedade, e o Socialismo (não entendido no seu significado Marxista-Científico) a única forma humana. Urge, pois, realizar a República que os nossos avós sonharam, um verdadeiro Estado de Direito Democrático e Social mas acrescentando-lhe um novo factor, tantas vezes ignorado: a Ética. Irónico é que já Platão o preconizara. Falando pela boca de Sócrates apelava que “o comportamento Ético é (…) a única salvação da consciência humana”. O amor pelo bem e pelo justo, pela livre discussão, pelo ser Humano: aqui temos a Ética. Precisamos de uma Nova República, uma República de Direito e direitos: Uma República Ética!

A democracia é uma forma de governo que prevê a livre discussão, mas que só é atingida se as pessoas pararem de falar e começarem a ouvir”.

E com isto me calo…